Introdução
O Grupo Inclusive escolheu a Oficina dos Menestréis como sendo a atividade cultural a ser realizada para a disciplina de Identidade e Cultura. Como já especificado em nosso diário de bordo, originalmente havíamos escolhido uma visita ao Templo Zulai em Cotia, mas acabamos mudando para a Oficina dos Menestréis pois esse é um grupo de teatro com diversos projetos sociais envolvendo deficientes físicos e jovens carentes, o que seria mais harmônico no trabalho final ao juntarmos a Oficina com o grupo Integrarte. O grupo se dividiu entre duas partes: uma que assistiria a apresentação de Filhos do Brasil, do Projeto Juntos, e a outra que assistiria a um ensaio e treinamento da turma do Projeto Mix. Abaixo, você encontra um pouquinho sobre a Oficina e o que cada um dos membros do Grupo Inclusive sentiu, pensou e viver durante essas experiências !
O que é a Oficina dos Menestréis ?
Na página oficial da Oficina, encontramos o seguinte trecho de sua história:
| Símbolo da Oficina dos Menestréis |
Na página oficial da Oficina, encontramos o seguinte trecho de sua história:
"Em 1981, o cantor e compositor Oswaldo Montenegro passa a trabalhar com um novo método para dirigir seu elenco de atores, cantores e bailarinos, a fim de atingir maior agilidade, maior noção de conjunto e atenção redobrada dos atores. Cria, assim, alguns exercícios baseados no método do reflexo e atenção para o treinamento de seus elencos.
Deto Montenegro, irmão e ator de suas peças, desenvolve e adapta para profissionais de todas as áreas este treinamento artístico, acreditando que o desenvolvimento do reflexo, da percepção e da capacidade intuitiva melhora as condições de vida do indivíduo. Em 1986, monta sua primeira turma de Teatro Musical no Rio de Janeiro, estabelecendo um trabalho de sucesso nos anos seguintes. Em 1991, desembarca em São Paulo junto com a Companhia Oswaldo Montenegro, criando sua primeira turma na cidade, que resultou no musical NOTURNO, em cartaz até hoje na cidade de São Paulo.
Em 1993, Deto Montenegro estabelece sociedade com o ator Marco André Brandão de Magalhães (Candé), que desde 1987 acompanha-o e estuda o treinamento, como aluno, até 1990 e, como professor, a partir de 1991. Cria-se dessa sociedade a OFICINA DOS MENESTRÉIS.
Deto Montenegro, irmão e ator de suas peças, desenvolve e adapta para profissionais de todas as áreas este treinamento artístico, acreditando que o desenvolvimento do reflexo, da percepção e da capacidade intuitiva melhora as condições de vida do indivíduo. Em 1986, monta sua primeira turma de Teatro Musical no Rio de Janeiro, estabelecendo um trabalho de sucesso nos anos seguintes. Em 1991, desembarca em São Paulo junto com a Companhia Oswaldo Montenegro, criando sua primeira turma na cidade, que resultou no musical NOTURNO, em cartaz até hoje na cidade de São Paulo.
Em 1993, Deto Montenegro estabelece sociedade com o ator Marco André Brandão de Magalhães (Candé), que desde 1987 acompanha-o e estuda o treinamento, como aluno, até 1990 e, como professor, a partir de 1991. Cria-se dessa sociedade a OFICINA DOS MENESTRÉIS.
A OFICINA DOS MENESTRÉIS, desde então, é uma empresa de Teatro Musical com excelência comprovada tanto pela linguagem original e vocabulário próprio, quanto pela contribuição significativa para formação de público e inclusão social, tendo em seu repertório mais de 20 peças."
| Galeria de fotos na entrada da Oficina com fotos de várias das peças realizadas |
A Oficina fica localizada na Rua Domingos de Morais, na Vila Mariana, próxima ao metrô Ana Rosa. A rua Domingos de Morais é uma rua com diversos estabelecimentos comerciais, além de ser caminho para a Avenida Paulista.
O que são os projetos Projeto Juntos e Projeto Mix ?
No site da Oficina, encontramos que o Projeto Juntos é feito para jovens carentes e o Projeto Mix é feito para pessoas com deficiência física e visual, sendo que ambos fazem parte dos projetos sociais da Oficina, que ainda consta com projetos como Projeto Maturidade (para pessoas de terceira idade), Cadeirantes, Projeto Up (para pessoas com Síndrome de Down) e Projeto Aut (para jovens com autismo). Esses projetos sociais contam com o apoio da Lei de Incentivo Cultural - Rouanet e tem como objetivo promover a inclusão social a formação de público ao tornar as atividades de teatro musical acessíveis a qualquer pessoa.
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| Turma do Projeto Up (foto retirada do site da Oficina dos Menestréis) |
Deto é professor e diretor da Oficina dos Menestréis e dirige o grupo do Projeto Mix na Oficina. Na entrevista ele descreve um pouco do que o trabalho proporciona profissionalmente aos cadeirantes e deficientes visuais.
No dia 31 de agosto (sábado) a integrante do grupo Janice foi ao espetáculo de Filhos do Brasil na Oficina dos Menestréis e no dia seguinte, 01 de setembro (domingo), foram a Ayla, o Giovani, o Bruno e o Daniel. A peça estava marcada para às 21h no sábado e às 20h no domingo. Antes do início da peça, um dos organizadores do Projeto Juntos deu uma breve explicação sobre o intuito do projeto (que você pode verificar no vídeo abaixo), o professor e diretor Candé Brandão falou um pouco sobre a Oficina, e logo o espetáculo começou.
O
público que esteve presente para assistir à peça “Filhos do Brasil” era variado, compondo-se de pessoas de
diferentes faixas etárias e com vestimentas que iam do clássico ao popular. Podiam-se
observar casais, grupos e famílias. Sua postura durante a apresentação foi
adequada ao evento, ou seja, todos se mantiveram sentados durante o mesmo,
levantando-se ao final para aplaudir (o espetáculo foi aplaudido de pé por um
longo período).
A
sala não conta com cadeiras numeradas, os lugares são escolhidos por ordem de
chegada. Os ingressos custam vinte e cinco reais para estudantes, são
adquiridos na bilheteria antes do horário do evento. Não há reservas ou vendas
através de sites. O pagamento é feito em
dinheiro. Consideramos este valor um
pouco alto, dada a nossa condição de
estudantes, no entanto trata-se de um valor justo pela qualidade do projeto.
Como
já apontado, não fomos ao teatro no mesmo dia. Comentamos sobre as impressões e
sensações da volta no encontro seguinte. Cada um de nós foi impactado de um
jeito, alguns pelo visual, pela movimentação e desenvoltura dos atores e
atrizes, outros pela música, pela coreografia, outros ainda pelas falas... mas
todos satisfeitos pela possibilidade de vivenciar esta experiência.
Abaixo seguem os relatos pessoais de cada um dos que vivenciou essa bela apresentação. Infelizmente, a Oficina não permite fotos durante as apresentações (mais por conta do fato de que a luz pode atrapalhar algumas cenas escuras), portanto não fomos à apresentação preparados para tirar fotos, o que fez com tivéssemos em mãos apenas as câmeras pouco potentes de nossos celulares. Conseguimos capturar apenas algumas cenas, que não ficaram em fotos de boa qualidade. Por tal motivo, utilizaremos abaixo algumas fotos da peça Filhos do Brasil retiradas do site da Oficina dos Menestréis, sejam elas do Projeto Juntos ou não, apenas com o intuito de ilustrar o que vimos na peça.
Ayla
Fiquei bastante feliz de saber que algumas pessoas do grupo poderiam ir comigo assistir a peça, pois conheço a Oficina há um tempo já e sei o quanto as peças são incríveis e cheias de emoção. Em 2012 participei da montagem de uma das peças, o Lendas e Tribos, que levou 4 meses de treinamento, 4 meses de ensaio, 8 apresentações e 2 apresentações extras 3 meses depois, portanto vivi por um ano inteiro as emoções de estar no palco. Tão bom quanto estar nele é assistir às pessoas que estão e, por isso, sou frequentadora constante das peças da Oficina, inclusive já havia visto a peça Filhos do Brasil. Dessa forma, quando voltei a pisar naquele teatro senti toda a nostalgia dos ótimos momentos que passei por ali.
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| Cartaz da peça Filhos do Brasil do Projeto Juntos 2013 |
Não tive impressões negativas nem positivas do lugar, pois já estou acostumada com as instalações e não percebo mais esses detalhes, porém reconheço que as pessoas que não conhecem o Teatro Dias Gomes devem achá-lo um tanto... peculiar. O teatro fica localizado ao fundo de uma galeria e quem passa pela rua dificilmente sequer suspeitaria que ali há um teatro. A galeria, aliás, está em reforma há muitos anos, e ao menos desde o momento em que fui ali pela primeira vez, em 2011, nunca vi alteração nenhuma, o que indica que as obras estão completamente paradas. O teatro em si é bastante escuro, mas isso faz parte da técnica da Oficina, que utiliza muitas cenas no escuro e necessita de um local que não reflita a luz; além de escuro é bastante quente, mas como fomos assistir Filhos do Brasil no inverno não sofremos muito com o calor do teatro; as cadeiras são bastante velhas e gastas, mas confortáveis o suficiente para vermos a uma hora e meia de peça sem sairmos com dores; o lugar é, enfim, envolto por toda uma aura menestrel que não se encontra em nenhum outro teatro, é um lugar com a alma da Oficina impregnada.
Quando sentei para esperar o início da peça, que começaria às 20h, olhei ao redor e achei que o teatro não estaria muito cheio naquele dia: faltavam poucos minutos para a peça começar e havia muitas cadeiras vazias, principalmente nas laterais da platéia, mas me alegrei muito ao perceber que cada vez mais e mais os assentos eram ocupados e a casa ficava cheia (eu, como já estive do outro lado, em cima do palco, sei o prazer que é apresentar para um público cheio, embora eu apresentasse com o mesmo gosto tanto para uma casa cheia ou vazia). O público era bastante variado; havia pessoas de todas as idades, homens e mulheres, mas notadamente grande parte dos espectadores era de ex-alunos ou alunos da Oficina - eu assim o sei por assistir as peças da Oficina com certa frequência e sempre ver inúmeros rostos familiares na platéia. Ao horário de início, o lugar fervilhava de gente e me senti aliviada. Houve um momento para que o Candé Brandão, diretor, sócio e professor da Oficina, apresentasse o Projeto Juntos, seus objetivos e etc, e a peça começou.
É uma das peças mais alegres da Oficina, eu acredito. Faz um retrato que, na minha opinião, é muito fiel à identidade do povo brasileiro. Há uma cena que retrata um interiorano que se sente confuso e incomodado com toda a invasão de tecnologia em sua vida; uma outra que aborda o povo das comunidades e das favelas e a sua cultura do hap e do hip hop; outra que nos mostra a arquitetura de Brasília; uma em que vemos a corrupção que se espalha por nossa política. Há a representação de muitas, mas MUITAS, identidades que definem o Brasil e o brasileiro.
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| Cena da peça Filhos do Brasil (retirada do site da Oficina dos Menestréis) |
Com relação ao grupo que apresentou, a alegria e o prazer que eles emanam no palco é contagiante. Essa energia pode ser sentida em qualquer grupo de qualquer peça da Oficina, porém acredito que seja um pouco mais sincera e palpável quando se trata do grupo do Projeto Juntos, pois são pessoas que, sem a ajuda do projeto, não teriam condições de participar de algo tão envolvente e completo quanto é a experiência de participar de uma peça da Oficina. Com essa oportunidade lhes dada, eles aproveitam com toda a energia e amor que dispõe. Foi uma energia muito boa e uma peça que valeu a pena assistir. No dia seguinte, só ficou a saudade e o orgulho que sinto da Oficina.
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| Turma do Projeto Juntos apresentando Filhos do Brasil |
Bruno
No dia de irmos para a Oficina dos Menestréis para ver a peça Filhos do Brasil aconteceram várias coisas legais. Fui de metro até a Ana Rosa, onde fica o teatro, e lá me encontrei com a Ayla, Daniel e com o Giovani (que também haviam ido de metrô). De lá fomos direto pro teatro. Estava com algumas dúvidas quanto a peça, e como somos estudantes o preço de R$25 pelo ingresso foi um pouco salgado, mas valeu muito a pena. Me surpreendi pela qualidade do espetáculo, um musical adaptado, escrito por Oswaldo Montenegro. Os atores eram muito bons e os cantores excelentes, o que me fez pensar que, se o projeto não recolhesse essas pessoas carentes e as colocassem no caminho da arte, estaríamos perdendo esplendidos talentos.
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| Cena da peça Filhos do Brasil (retirada do site da Oficina dos Menestréis) |
Daniel Igor
Peguei o trem na Estação Celso Daniel em Santo André por volta das 19h. Estava tarde, pois o teatro começava as 20h e eu não tinha ainda comprado o ingresso. O Giovani estava junto e preocupado em não conseguir os ingressos, mas eu estava otimista, tinha certeza que conseguiríamos assistir e, de fato, conseguimos - senão não escreveria como foi, rs... Então, chegando na Estação Ana Rosa encontrei o Bruno e a Ayla e fomos para o teatro; saindo da Estação, encontramos um grupo em pé na escadaria, não lembro o que era exatamente e o que faziam ali, mas chamaram a nossa atenção. No caminho o Bruno disse que tinha esquecido que era naquele domingo a ida ao teatro, disse que veio correndo e eu perguntei se a ‘mina’ dele não quis vir, então ele disse que ele nem tinha convidado, não me lembro bem, mas eu sei que ri, pois ele deu a entender que sairia caro trazer a namorada. Também, o valor do ingresso custava R$ 25,00, um valor, pelo menos para mim, nada razoável, isso porque não é inteira.
Bem, entramos numa galeria que estava em reforma; eu já tinha ido lá ano passado e naquela época estavam reformando, todos lembraram disso e deram risada. Fomos em direção ao teatro que fica dentro da Galeria e enquanto andávamos a Ayla perguntou se alguém tinha como trocar os R$50,00 que ela trouxera; não entendemos direito o porquê ela queria trocar o dinheiro, já que ao comprar o ingresso o vendedor daria o troco. Mas acho que ela queria facilitar a vida do vendedor - ela é uma alma que pensa no próximo. Compramos os ingressos e ao finalizar a compra apareceu um homem, perguntando pra gente e para os demais na fila se precisávamos de ingresso; dissemos que tínhamos acabado de comprar e ele foi em direção das pessoas que estavam na fila. Ele queria vender o seu ingresso, mas ninguém quis comprar, o motivo eu não sei. Mas seguimos em frente, o Bruno disse que estava com sede e perguntou se a gente queria ir ao mercado; eu concordei de imediato, não queria gastar uma fortuna comprando água do teatro, hahaha, e ainda faltavam 15 minutos para começar a peça. A Ayla entrou e guardou nossos lugares, eu, o Bruno e o Giovani fomos ao mercado.
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| Daniel, Giovani, Ayla e Bruno na Oficina dos Menestréis |
Comprei uma bolacha e um garrafa de 600 ml de Pepsi twist e o Bruno comprou uma garra de 1,5 litros de água - disse que estava com muita sede. Seguimos em direção ao caixa e tinha umas quatro pessoas na nossa frente; o Bruno disse que não ia esperar pagar para beber a água, então resolveu beber dentro do mercado. Pagamos e voltamos pro teatro.
Entramos na sala, e a Ayla estava lá no fundo, porém em direção ao centro do palco, um bom lugar até. Sentamos, mas eu me levantei e fui ao banheiro, percebi que dentro do banheiro tinha um pote de bala. Quem é que pegaria aquelas balas? Hahaha, gente que gosta de bala de banheiro havia, pois só havia duas balas no pote. Será que lavaram as mãos??? Hahaha ! Voltei, sentei, teve uma apresentação breve sobre o projeto social que a Oficina dos Menestréis faz com crianças das comunidades, integrando-as no ambiente artístico. A Oficina dos Menestréis oferece cursos de teatro pagos, mas as crianças da comunidade não pagam. Enfim, depois dos diretores apresentarem o projeto, começou o musical com música.. Hahaha, uma voz linda começou a ressoar pelo ambiente, era linda mesmo (que voz era aquela?)... As luzes se apagaram e acenderam, e de repente havia vários adolescentes nos corredores em pé cantando. Depois, começaram a gritar e a pular, acompanhados de jogos de luzes e o som forte da bateria... Esse musical levantou a questão dos preconceitos: o preconceito racial, social, regional e musical.
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| Cena da peça Filhos do Brasil |
A cena mais forte, e que me deu arrepios, foi a cena onde um ator vestido com roupas típicas do nordeste fica sentado numa cadeira no meio de uma roda de pessoas. Uma música, de cunho preconceituoso, chamava o paraíba de paraíba e preguiçoso. Enquanto tocava essa música a personagem apanhava. Eram socos, pontapés e cuspes na cara. Uma cena chocante, mas não surreal. É sabido que há uma parte dos paulistanos que comungam com essa agressividade e intolerância aos imigrantes das regiões do nordeste brasileiro. Ao final da apresentação, tiramos fotos e no caminho para o metrô conversávamos sobre aquelas cenas. A sensação que eu tive foi de desconforto ao relembrar daquele momento. Porém, ao mesmo tempo, uma sensação boa aparecia, porque, a partir da arte, nós, humanos, tentamos ressignificar as nossas escolhas, ações e posturas; sendo assim, percebemos que a identidade dos seres humanos é a diversidade cultural e que tais diversidades agregam valor ao ser humano em geral.
Cena da peça Filhos do Brasil (retirada do site da Oficina dos Menestréis)
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Giovani
O espetáculo “Filhos do Brasil” é cheio de energia e informação. Foi incrível ver como cada cena representa um pedaço do brasileiro. A proposta da peça foi cumprida com excelência, pois a cada momento eu vi um preconceito sendo trabalhado, seja o de raça, sazonal, gosto musical ou classe social. Um aspecto que me chamou a atenção foi o de saber que neste espetáculo muitos dos atores são de baixa renda (sabem exatamente como é este tipo de preconceito, fato, acredito eu, que colabora para uma boa atuação) e não pagam pelas aulas. Achei muito bacana esse gesto de inclusão social através da arte. O teatro estava cheio, cheio de pessoas e de novas percepções que nos fazem repensar nossos atos e ideias, sobre os mais variados assuntos.
Janice
O espetáculo “Filhos do Brasil” é cheio de energia e informação. Foi incrível ver como cada cena representa um pedaço do brasileiro. A proposta da peça foi cumprida com excelência, pois a cada momento eu vi um preconceito sendo trabalhado, seja o de raça, sazonal, gosto musical ou classe social. Um aspecto que me chamou a atenção foi o de saber que neste espetáculo muitos dos atores são de baixa renda (sabem exatamente como é este tipo de preconceito, fato, acredito eu, que colabora para uma boa atuação) e não pagam pelas aulas. Achei muito bacana esse gesto de inclusão social através da arte. O teatro estava cheio, cheio de pessoas e de novas percepções que nos fazem repensar nossos atos e ideias, sobre os mais variados assuntos.
| Encerramento da peça Filhos do Brasil |
No dia 31 de agosto, a peça “Filhos do Brasil”, encenada por jovens atores do projeto “Juntos”. Um espetáculo que retrata vários elementos constitutivos da identidade dos brasileiros onde comparecem a corrupção, o preconceito racial e de classe, nas suas manifestações mais ou menos veladas. Chama a atenção pelo dinamismo e pela diversidade de quadros e de características físicas do elenco. Assistir a esta peça me fez refletir sobre a construção da identidade do povo brasileiro e de como essa identidade se manifesta em diferentes contextos, algo que foi bem trabalhado na apresentação. O diretor quis mostrar o Brasil com seus contrastes e o fez com muito êxito.
| Entrada da galeria |
Visita à Oficina dos Menestréis
Conforme havíamos agendado via e-mail, no dia 22 de setembro fomos à Oficina para assistir uma aula do Projeto Mix. A aula começaria às 15h30 e acabaria às 17h, porém nosso grupo chegou antes para poder conversar um pouco com o Deto e para que pudéssemos nos preparar.
| Grupo Inclusive chegando na Oficina |
Janice
No dia 22 setembro, fui ao ensaio do Projeto Mix Menestréis, voltado para pessoas com deficiência física e visual. Foi possível perceber como uma peça vai se constituindo, a preparação dos movimentos, a relação do diretor com os atores, entre outros aspectos. Na conversa com os atores ficou evidenciada a importância do projeto e como este mudou a vida de cada um. Pude conhecer melhor o universo de pessoas com deficiências, especialmente daquelas que se tornaram deficientes após um acidente ou outro tipo de agravo, e tiveram a sua vida totalmente modificada por esta nova condição. São histórias de superação nas quais continuei pensando nos dias que se seguiram ao evento e que fizeram com que eu revisse alguns dos meus valores.
Leonardo
| Aula do Projeto Mix da Oficina dos Menestréis |
Por vir para o trabalho no domingo direto da cidade onde moro no interior, acabei me perdendo no caminho e tive que ligar para minha namorada consultar o mapa na internet. Depois de uma busca consegui chegar, um pouquinho atrasado, para encontrar com o grupo. Notei grandes diferenças entre o projeto do teatro, que agregava os deficientes limitando-se ao aspecto artístico, e o projeto Integrarte, que tem um foco de trabalho social, mais do que a qualidade artística. A forma como ocorria o contato entre as pessoas do teatro era um pouco impessoal, apesar de se notar uma certa união por parte do grupo.
Marília
Chegamos na Oficina e conversamos com a Nataly, a recepcionista, e ela nos pediu que esperássemos o Deto para nos acompanhar durante a aula. Após a chegado grupo, subi ao palco e apresentei o Grupo Inclusive e os objetivos de nosso trabalho aos alunos do Projeto Mix; todos concordaram em participar e assinar as autorização de divulgação de imagem. Em seguida, assistimos ao treinamento e fomos orientados que as entrevistas poderiam ser feitas durante o intervalo. Me impressionei muito com o profissionalismo de todos os participantes e com o rigor da aula.
Por volta das 16h30, o Deto anunciou o intervalo e todos ficaram à nossa disposição, e, enquanto o Deto dava a entrevista ao Matheus e ao Leo, eu conversei com duas integrantes cadeiras, a Valquíria e a Suelen. A Valquíria já faz parte do grupo e já apresentou a última edição do Projeto Mix com a peça Good Morning São Paulo; e a Suelen é uma amiga da Valquíria que foi uma única vez para uma aula experimental e está aguardando a abertura de uma vaga no grupo. Ambas buscaram a arte para que esta pudesse auxiliar a enfrentar a timidez. O ponto fundamental é que elas podem levar a convivência voluntária com o grupo para as suas vidas, o que, no caso da Suelen, ajuda muito em seu trabalho. Outros membro do grupo Inclusive entrevistaram outras pessoas e, ao final do intervalo, continuamos assistir o treinamento.
Saí de lá com uma frase que o Deto havia nos dito durante o período que ficamos na Oficina: no céu dos Menestréis, quem brilha é a constelação; a estrela sozinha está fo****.
Cada um voltou por conta própria, no meu caso voltei de trem, eu estava cansada porque o dia foi cansativo e o percurso de ida e volta de transporte público cansa mais ainda.
No dia seguinte eu me senti muito bem por ter tido mais essa experiência maravilhosa e ter conhecido tantas pessoas batalhadoras buscando a profissionalização nessa arte. Tenho contato, via facebook, com uma das participantes do grupo, a Márcia, ela quer acompanhar os resultados, vou mandar o blog pra ela quando estiver finalizado.
| Exercício na aula do Projeto Mix na Oficina dos Menestréis |
Chegamos na Oficina e conversamos com a Nataly, a recepcionista, e ela nos pediu que esperássemos o Deto para nos acompanhar durante a aula. Após a chegado grupo, subi ao palco e apresentei o Grupo Inclusive e os objetivos de nosso trabalho aos alunos do Projeto Mix; todos concordaram em participar e assinar as autorização de divulgação de imagem. Em seguida, assistimos ao treinamento e fomos orientados que as entrevistas poderiam ser feitas durante o intervalo. Me impressionei muito com o profissionalismo de todos os participantes e com o rigor da aula.
| Grupo Inclusive não perdeu um minuto sequer do treinamento ! |
Por volta das 16h30, o Deto anunciou o intervalo e todos ficaram à nossa disposição, e, enquanto o Deto dava a entrevista ao Matheus e ao Leo, eu conversei com duas integrantes cadeiras, a Valquíria e a Suelen. A Valquíria já faz parte do grupo e já apresentou a última edição do Projeto Mix com a peça Good Morning São Paulo; e a Suelen é uma amiga da Valquíria que foi uma única vez para uma aula experimental e está aguardando a abertura de uma vaga no grupo. Ambas buscaram a arte para que esta pudesse auxiliar a enfrentar a timidez. O ponto fundamental é que elas podem levar a convivência voluntária com o grupo para as suas vidas, o que, no caso da Suelen, ajuda muito em seu trabalho. Outros membro do grupo Inclusive entrevistaram outras pessoas e, ao final do intervalo, continuamos assistir o treinamento.
| Meninas do Inclusive fazendo as entrevistas |
Saí de lá com uma frase que o Deto havia nos dito durante o período que ficamos na Oficina: no céu dos Menestréis, quem brilha é a constelação; a estrela sozinha está fo****.
Cada um voltou por conta própria, no meu caso voltei de trem, eu estava cansada porque o dia foi cansativo e o percurso de ida e volta de transporte público cansa mais ainda.
No dia seguinte eu me senti muito bem por ter tido mais essa experiência maravilhosa e ter conhecido tantas pessoas batalhadoras buscando a profissionalização nessa arte. Tenho contato, via facebook, com uma das participantes do grupo, a Márcia, ela quer acompanhar os resultados, vou mandar o blog pra ela quando estiver finalizado.
Matheus
No domingo, 26/09, estava programada a visita ao grupo de teatro Oficina dos Menestréis. Marcamos de nos encontrar na estação Ana Rosa, pois todos os integrantes iriam de metrô. Após a chegada de todos, saímos da estação e fomos andando para o endereço do teatro Dias Gomes, onde aconteceria o ensaio. Ele fica bem perto da estação de metrô. Como era domingo, havia pouco movimento nas ruas. Chegamos ao local e entramos. O teatro fica no final de uma galeria, onde há lojas e lanchonetes. Entramos na Oficina dos Menestréis, subimos uma escada e pedimos informação e explicamos que havíamos entrado em contato e avisado o motivo da visita. Fomos informados para esperar o diretor que comanda o grupo com deficientes, pois ele ainda não havia chegado. Quando ele chegou, conversamos com o Deto e fomos autorizados a assistir e tirar fotos do ensaio. Ao fim, entrevistamos o Deto e os deficientes integrantes do grupo, que contaram suas histórias de vida e percepções sobre a sociedade. Outro grupo da Oficina já esperava para iniciar seu ensaio, então fomos embora da mesma maneira que chegamos.
| Vista do palco no fundo da platéia |
Todos os alunos da Oficina mostram-se muito independentes fisicamente, desde o início até o término do ensaio. É impressionante a disposição de todos, ainda mais em um domingo onde a grande maioria das pessoas deseja descansar. Isso já faz você ficar animado, porque a alegria e felicidade deles ensaiando te faz lembrar como às vezes deixamos de fazer algo por preguiça, quando ficamos em casa enquanto temos milhares de opções para aproveitar e agregar na nossa vida. Também chamou minha atenção a maneira como eles não têm vergonha nenhuma de suas deficiências, se soltando e expressando, errando e aprendendo, sem medo da opinião dos outros. É uma lição de vida, que deixa você emocionado só de estar ali assistindo, vendo a força destas pessoas, muitas vezes consideradas incapazes por grande parte da população.
| Aluno do Projeto Mix na Oficina dos Menestréis, super feliz de estar no ensaio |
Outro aspecto que me chamou muita atenção foi que o diretor Deto em nenhum momento trata os integrantes do grupo de maneira diferente por suas deficiências. Ele é rígido como com qualquer outro grupo ensaiando. As deficiências ali não são desculpas para nada, são apenas mais um elemento que também ensaia. A rigidez do diretor faz com que os alunos com mais dificuldade corram atrás, perguntem, não se escondam, se virem para entender o que precisam fazer. Assim como na vida real. Ninguém ali é "coitadinho". Isso os deixa mais fortes para tudo. O ensaio foi de extrema qualidade, e sem dúvida fiquei com vontade de assistir a peça quando ela estiver em cartaz. Foi uma das experiências mais marcantes e que eu vou levar como ensinamento para o resto de minha vida.
Sara
Marcamos de nos encontrar ás 14h50 na estação Ana Rosa, pois a Oficina dos Menestréis é bem perto da estação, e nossa visita estava agendada para às 15h. A aula que iríamos assistir era uma aula de teatro do Projeto Mix, que reúne alunos com diversos tipos de deficiências (visuais, físicas, auditivas, enfim...). Chegamos à Oficina no horário combinado, esperamos o término de uma aula que estava tendo antes, e acabamos entrando no auditório às 15h10 mais ou menos. Conhecemos o Deto, que é o coordenador das aulas, e quem fez a dinâmica com os alunos este dia. Primeiro assistimos os exercícios que lhes foram dados, sendo trabalhada a ocupação no palco, movimentação, poder decisório, etc, através de atividades que necessitam de pensamento rápido.
Foi possível perceber que alguns tinham dificuldades de movimentos e de ocupação do palco devido à dificuldades de locomoção, e demoravam mais tempo para percorrer todo o espaço (que era a proposta do exercício). Porém, também havia alunos que sequer poderíamos acreditar que possuíssem deficiência, mais precisamente os deficientes visuais, que nos exercícios de grande locomoção tinham extrema facilidade para desvios. Tinha em média uns 12 alunos, mas, segundo eles, geralmente são uns 20; neste mesmo dia, porém, estava havendo uma passeata da superação, de uma ONG, no Rio de Janeiro, e alguns dos alunos estavam lá. Um pouco antes do final da aula, o Deto deu um intervalo aos alunos para que eles pudessem descansar um pouco e conversar conosco.
Enquanto fomos pedindo para que os termos de utilização de imagens fossem assinados, fomos conversando com os alunos. De acordo com as conversas que fomos tendo, percebemos que eles não consideravam as dificuldades da deficiência que tinham, mas sim as dificuldades de interpretação, ou algo do tipo, dificuldade essa que pessoas sem deficiência também sentem. Isto é, a maior parte deles não enxergava a deficiência deles como um empecilho maior do que o de uma pessoa sem deficiência alguma. Embora não tenhamos perguntado a todos, a grande maioria parece não ter nascido deficiente, adquirindo essa condição ao longo da vida. Após obter as assinaturas e eles terem descansado um pouco, o Deto voltou com a aula durante mais uns 10 minutos, para a realização do último exercício, que trabalhava a performance em grupo.
| Deto dando instruções na aula do Projeto Mix na Oficina dos Menestréis |
Foi possível perceber que alguns tinham dificuldades de movimentos e de ocupação do palco devido à dificuldades de locomoção, e demoravam mais tempo para percorrer todo o espaço (que era a proposta do exercício). Porém, também havia alunos que sequer poderíamos acreditar que possuíssem deficiência, mais precisamente os deficientes visuais, que nos exercícios de grande locomoção tinham extrema facilidade para desvios. Tinha em média uns 12 alunos, mas, segundo eles, geralmente são uns 20; neste mesmo dia, porém, estava havendo uma passeata da superação, de uma ONG, no Rio de Janeiro, e alguns dos alunos estavam lá. Um pouco antes do final da aula, o Deto deu um intervalo aos alunos para que eles pudessem descansar um pouco e conversar conosco.
| Grupo Inclusive conversando com o grupo do Projeto Mix |
| Grupo Inclusive conversando com o grupo do Projeto Mix |
Enquanto fomos pedindo para que os termos de utilização de imagens fossem assinados, fomos conversando com os alunos. De acordo com as conversas que fomos tendo, percebemos que eles não consideravam as dificuldades da deficiência que tinham, mas sim as dificuldades de interpretação, ou algo do tipo, dificuldade essa que pessoas sem deficiência também sentem. Isto é, a maior parte deles não enxergava a deficiência deles como um empecilho maior do que o de uma pessoa sem deficiência alguma. Embora não tenhamos perguntado a todos, a grande maioria parece não ter nascido deficiente, adquirindo essa condição ao longo da vida. Após obter as assinaturas e eles terem descansado um pouco, o Deto voltou com a aula durante mais uns 10 minutos, para a realização do último exercício, que trabalhava a performance em grupo.
| Exercício da aula do Projeto Mix na Oficina dos Menestréis |
Tairine
No dia 22/09, domingo, fomos assistir um ensaio do Projeto Mix. Encontrei alguns colegas de classe às 14:50 no metrô Ana Rosa. Partimos à pé até ao Teatro Dias Gomes e chegamos lá por volta das 15:00. Esperamos a finalização de uma outra aula e aguardamos até as 15:10 para a chegada dos alunos do grupo Mix. Enquanto isso, observávamos o teatro e percebemos uma rampa de acesso aos deficientes para a entrada no palco. Conhecemos o Deto, que é o diretor da peça e, portanto, professor dos alunos.
Quando os participantes da aula começaram a chegar, fiquei imaginando como é difícil atuar, ainda mais com a restrição de visão e locomoção. Entretanto, com a entrada deles no palco e a naturalidade com que eles estavam lidando com a situação, comecei a rever meus conceitos em relação a essas possíveis limitações. Iniciou-se o ensaio. Primeiro todos os alunos e o Deto se reuniram no centro do palco, conversaram descontraidamente e o Deto fez a apresentação do nosso grupo de pesquisa. A Marília explicou nossos objetivos e, enfim, se iniciaram os exercícios no palco. Deto orientava os alunos a se ocuparem no palco de forma correta. Para isso, Deto os orientava a formar em grupo a letra V ou o número 8, entre outros, avaliando o poder de decisão e harmonia do grupo como um todo.
Deto incentivava o trabalho em grupo, observando de forma crítica e perspicaz os seus alunos. Durante os exercícios, observei que havia pessoas com dificuldades de movimento ou de locomoção, sendo que os deficientes visuais possuíam uma percepção de movimentos e sons muito aguçadas. Após esse exercício de apropriação e conhecimento de espaço, iniciou o exercício de imobilidade, que consistia em todo o grupo ficar na frente do palco, fazendo apenas expressões com o rosto, conforme a luz acendia, estimulando a agilidade de pensamento e decisão. Enquanto analisava o ensaio, percebia que o Deto exigia o melhor de cada um dos alunos, sem passar a mão em seus erros, como qualquer diretor de teatro. Não queria que seus atores cometessem erros ou não soubessem lidar com a situação caso os cometessem. Isso demonstra que, apesar de suas deficiências, os alunos devem ser tratados como atores, que devem dar o seu máximo. A atuação dos alunos foi realmente contagiante, me surpreendi, muitas vezes, com um dos deficiente visuais, ficando em dúvida se ele realmente era cego, pela facilidade que se deslocava no palco.
Após esses exercícios, os alunos tiveram um tempo de descanso. Nesse momento, aproveitamos para solicitar autorização do uso de imagem e conversamos com os alunos, enquanto o Leonardo entrevistou o Deto para entender como esse trabalho influenciou sua vida. Durante o intervalo, conversando com alguns dos participantes pude observar que as dificuldades deles estavam atreladas com questões associadas à atuação e não com as suas possíveis limitações físicas. Em meio a essas conversas, não senti necessidade de questioná-los como o teatro ajudaria a superar o fato da deficiência, pois, para eles, o teatro é uma atividade que eles praticam por gostarem , independente das condições físicas, sendo que as dificuldades que encontram na atuação ajudam a evoluírem na vida, como o fato de alguns serem tímidos e outros não serem tão disciplinados, tendo a arte como uma forma de solucionarem essas questões. Uma das alunas, entretanto, disse que quando está na Oficina se sente mais completa e que antes de estar inserida naquele ambiente se sentia sempre vítima, enquanto que no teatro ela é independente.
Após esse descanso de uns 10 minutos, o ensaio reiniciou com um exercício que consistia em passar o palco seguindo o ritmo da música, sendo que os alunos deveriam sempre utilizar expressões fortes. O Matheus registrou o ensaio com fotos e vídeos. Havia pouco mais de 10 alunos, pois, conforme eles disseram, uma parte do grupo estava na passeata da Superação no RJ.
Estar naquele ambiente me fez perceber que não devemos falar em inclusão social, afinal, essas pessoas não se sentem limitadas ou excluídas da sociedade, nós que muitas vezes as limitamos. A ideia de inclusão deveria ser modificada pela ideia de criar uma sociedade diversa, sendo necessárias modificações para suprir as necessidades especiais. Deve existir uma forma evoluída de nós enxergarmos essas diferenças não como limitações, mas sim como exemplos de superações. Com a finalização da aula, nos despedimos do grupo Mix e fomos embora de metrô.
| Indo para o palco da Oficina |
Quando os participantes da aula começaram a chegar, fiquei imaginando como é difícil atuar, ainda mais com a restrição de visão e locomoção. Entretanto, com a entrada deles no palco e a naturalidade com que eles estavam lidando com a situação, comecei a rever meus conceitos em relação a essas possíveis limitações. Iniciou-se o ensaio. Primeiro todos os alunos e o Deto se reuniram no centro do palco, conversaram descontraidamente e o Deto fez a apresentação do nosso grupo de pesquisa. A Marília explicou nossos objetivos e, enfim, se iniciaram os exercícios no palco. Deto orientava os alunos a se ocuparem no palco de forma correta. Para isso, Deto os orientava a formar em grupo a letra V ou o número 8, entre outros, avaliando o poder de decisão e harmonia do grupo como um todo.
| Conversa do Deto no início da aula com o grupo do Projeto Mix da Oficina dos Menestréis |
Deto incentivava o trabalho em grupo, observando de forma crítica e perspicaz os seus alunos. Durante os exercícios, observei que havia pessoas com dificuldades de movimento ou de locomoção, sendo que os deficientes visuais possuíam uma percepção de movimentos e sons muito aguçadas. Após esse exercício de apropriação e conhecimento de espaço, iniciou o exercício de imobilidade, que consistia em todo o grupo ficar na frente do palco, fazendo apenas expressões com o rosto, conforme a luz acendia, estimulando a agilidade de pensamento e decisão. Enquanto analisava o ensaio, percebia que o Deto exigia o melhor de cada um dos alunos, sem passar a mão em seus erros, como qualquer diretor de teatro. Não queria que seus atores cometessem erros ou não soubessem lidar com a situação caso os cometessem. Isso demonstra que, apesar de suas deficiências, os alunos devem ser tratados como atores, que devem dar o seu máximo. A atuação dos alunos foi realmente contagiante, me surpreendi, muitas vezes, com um dos deficiente visuais, ficando em dúvida se ele realmente era cego, pela facilidade que se deslocava no palco.
| Exercício na aula do Projeto Mix da Oficina dos Menestréis |
Após esses exercícios, os alunos tiveram um tempo de descanso. Nesse momento, aproveitamos para solicitar autorização do uso de imagem e conversamos com os alunos, enquanto o Leonardo entrevistou o Deto para entender como esse trabalho influenciou sua vida. Durante o intervalo, conversando com alguns dos participantes pude observar que as dificuldades deles estavam atreladas com questões associadas à atuação e não com as suas possíveis limitações físicas. Em meio a essas conversas, não senti necessidade de questioná-los como o teatro ajudaria a superar o fato da deficiência, pois, para eles, o teatro é uma atividade que eles praticam por gostarem , independente das condições físicas, sendo que as dificuldades que encontram na atuação ajudam a evoluírem na vida, como o fato de alguns serem tímidos e outros não serem tão disciplinados, tendo a arte como uma forma de solucionarem essas questões. Uma das alunas, entretanto, disse que quando está na Oficina se sente mais completa e que antes de estar inserida naquele ambiente se sentia sempre vítima, enquanto que no teatro ela é independente.
| Exercício na aula do Projeto Mix da Oficina dos Menestréis |
Após esse descanso de uns 10 minutos, o ensaio reiniciou com um exercício que consistia em passar o palco seguindo o ritmo da música, sendo que os alunos deveriam sempre utilizar expressões fortes. O Matheus registrou o ensaio com fotos e vídeos. Havia pouco mais de 10 alunos, pois, conforme eles disseram, uma parte do grupo estava na passeata da Superação no RJ.
Estar naquele ambiente me fez perceber que não devemos falar em inclusão social, afinal, essas pessoas não se sentem limitadas ou excluídas da sociedade, nós que muitas vezes as limitamos. A ideia de inclusão deveria ser modificada pela ideia de criar uma sociedade diversa, sendo necessárias modificações para suprir as necessidades especiais. Deve existir uma forma evoluída de nós enxergarmos essas diferenças não como limitações, mas sim como exemplos de superações. Com a finalização da aula, nos despedimos do grupo Mix e fomos embora de metrô.
| Exercício na aula do Projeto Mix da Oficina dos Menestréis |
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